Artigos / Final Fantasy Tactics / Square Enix · 6 de junho de 2025

Um acerto, um vacilo? Square Enix e sua conturbada relação com a localização dos jogos para o Brasil

Passado o êxtase da revelação de FINAL FANTASY TACTICS – The Ivalice Chronicles, aquela pedra no sapato dos fãs volta a incomodar: este será mais um título que a Square Enix decidiu que não receberá tradução para Português do Brasil.

A decisão cai como um duro golpe em um momento que vivíamos uma lua de mel com a empresa, que tem localizado jogos importantes como Final Fantasy XVI e a trilogia Final Fantasy VII Remake, além de terem anunciado a presença do diretor da mesma, Naoki Hamaguchi na Brasil Game Show deste ano.

A decisão de não traduzir um jogo desta importância passa uma mensagem confusa para os jogadores, que não sabem o que esperar da empresa e que anda na contramão do que vem acontecendo no mercado de jogos, que tem valorizado o Brasil como um importante mercado.

Empresas como a Sega/Atlus, Bandai e Nintendo já perceberam o potencial do mercado brasileiro e passaram a trazer localização para o seus jogos, o que imediatamente se refletiu na explosão de popularidade de séries como Persona – que até anos atrás era considerada de nicho, mas hoje é tão popular quanto Final Fantasy. A Nintendo era vista como uma empresa de péssimo suporte ao Brasil se comparada ao Playstation e Xbox, mas recentemente lançou patch de tradução gratuitos para os jogos da série The Legend of Zelda, notícia que foi recebida com euforia entre os jogadores.

Na contramão temos a Square Enix, que hora localiza os jogos, hora faz o mínimo, deixando os jogadores confusos. Logo que um jogo da empresa é anunciado, começa o bombardeio de questionamentos: “Será que este receberá tradução para PTBR?!“. O sentimento é sempre de desconfiança e isso impacta diretamente no sucesso dos jogos da empresa no país.

A falta de legendas em PTBR em Crisis Core: Final Fantasy VII Reunion também causou uma péssima impressão entre os jogadores que estão acompanhando a trilogia Final Fantasy VII Remake, o que com certeza impactou nas vendas do jogo

Outro exemplo crasso é FINAL FANTASY XIV, que tem uma base grande de jogadores no Brasil – mas que poderia ser gigantescamente maior se o jogo tivesse suporte ao nosso idioma. Brasileiros adoram jogos multiplayer e jogos de MMORPG com localização em português como World of Warcraft e Ragnarok Online estão sempre lotados de jogadores brasileiros devido a ausência da barreira do idioma. A demanda é tanta que é frequente os jogos receberem servidores exclusivos para o Brasil.

Percebemos um interesse muito grande da comunidade por Final Fantasy XIV – principalmente devido ao seu generoso Free Trial, mas quando os jogadores descobrem que não há o idioma Portugês disponível, acabam se recusando à testá-lo.

Há tantos jogadores do Brasil em FFXIV que alguns servidores como o Behemot são considerados “Servidores Brasileiros” no jogo. Na imagem, brasileiros torcendo uniformizados durante jogo da Seleção de futebol.

Final Fantasy sempre foi uma série querida por aqui, basta visitar os eventos de cultura pop que você sempre encontrará fãs e cosplayers da série, mas é fácil perceber que o crescimento desta base de fãs seria muito maior se todos os jogos tivessem tradução para português. Basta ver o sucesso estrondoso de um jogo como Genshin Impact, que chegou com tradução para português e foi rapidamente abraçado por uma gigantesca comunidade de fãs.

Não há mistério: Se a Square Enix deseja crescer sua base de fãs – e consequentemente os lucros, é necessário uma postura de maior respeito com os fãs brasileiros e da América Latina. Tradução para os jogos dos mercados que você quer atuar hoje é o mínimo, principalmente ao se considerar o valor dos jogos no Brasil.

Em jogos de RPG a história é o elemento fundamental e ter o jogo localizado em seu idioma muitas vezes é o fator decisivo para a compra do produto, afinal do que adianta o jogo estar aqui e o elemento mais importante – que é a história, ficar inacessível para o jogador?

Esperamos profundamente que a Square Enix repense a sua estratégia de distribuição de jogos por aqui, observe os exemplos ao seu lado como a Sega Atlus que tem obtido ótimos resultados com jogos como Persona 3 Reloaded e Metaphor Refantazio em português do Brasil e adote uma política mais acertada que respeite os jogadores.

Só assim Final Fantasy irá crescer ainda mais no Brasil.